2020, uma odisséia no meu espaço

Fe Almeida
4 min readDec 31, 2020

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Cá estamos, no dia tão desejado por muitos, o dia 31/12/2020.

Eu não jogo neste time que teve como o único objetivo do ano, que ele acabasse. Não foi um ano, assim, tão ruim. Já tive anos bem piores e que não tinham uma pandemia envolvida.

Com isso, chego a conclusão, egoísta, de que quem faz o seu ano ruim é vc. Pronto… Agora ninguém mais vai ler a minha retrospectiva do ano…

Tudo bem, não tem importância… Acho que escrevo para mim… Acabei de ler 2019, 2018 e 2017… Queria ter outras mais antigas para ler também… Minha cabeça se perde nos detalhes e os acontecimentos se embaralham nos anos…

Este foi uma ano que escrevi pouco. Um ano que, mais uma vez, passou rápido.

Descobri que sinto mais falta de ir à biblioteca do que das pessoas que conheço. Juro, foi o que mais me fez falta este ano.

Foi um ano que começou diferente. 0% álcool… Talvez para compensar o tanto que bebi em 2019 ou para descansar o fígado para a quantidade de garrafas de vinho que passariam pela minha casa. Pulei as sete ondas e deixei a limpeza daquele momento me completar. Não era a minha primeira experiência de ano novo na praia, mas foi tão vazia como as outras.

Li um livro escondida… Ok, não li escondida, escondi que tinha lido…

Fui me esconder no banheiro do trabalho e não era para chorar, foi para tossir, achei que eu ia sufocar de tanto que eu tossia… Será que eu peguei corona antes de ser modinha?

Dancei na chuva… Junto com mais duas pessoas, me abriguei da chuva em um banheiro químico…

Toda mulher merece ser a Susana Vieira, pelo menos, uma vez na vida.

Comprei um manjericão. No mesmo dia fui comunicada que eu ia voltar a trabalhar viajando… Meu manjericão ia ter que aprender a se regar sozinho ou fazer gerenciamento da água, para aguardar a próxima rega no final de semana…

Ele sobreviveu bem… Foram apenas 3 semanas …

Após alguns dias de indecisão a empresa resolveu que era melhor voltarmos para casa e aderirmos a quarentena.

Confesso que eu resisti até o último minuto. Eu não queria vir. Eu estava como medo de como seria este tempo todo em casa. A única época que eu trabalhei 100% home office foram uns dois meses e foi horrível. Quase fui para a casa dos meus pais. Eu não achei que eu fosse aguentar 14 dias presa em casa sozinha.

Já passaram 14 dias, 14 semanas, será que estamos rumando para 14 meses?

Dediquei-me a fazer stories (praticamente) diários. Arrumei (todas) as gavetas da casa. Comprei uma TV. Fiquei exausta de ter que pensar em almoço e janta. Fiz as pazes com a cozinha e passei a gostar de estar por lá… Tomei incontáveis garrafas de vinho, (ok, eu poderia contar, mas ia dar trabalho), inclusive um primitivo que eu estava guardando, usando as taças novas, que estavam sendo guardadas também.

Descobri que meu apartamento estava prestes a tacar fogo no prédio. Tá bom: medidor de eletricidade estava faiscando e um caminhão gigante da Enel veio me visitar… Eu pensei que estava morando no Stranger Things…

Tive uma conversa difícil, com um roteiro que eu escrevi… Só faltou eu mandar a parte da outra pessoa, mas ok… Sobre escrever roteiros, escrevi, palavra por palavra, uma apresentação que estava tirando meu sono. Foi brilhante, fui elogiada, senti que entreguei bem, mas também me senti ignorada, por uma falta na audiência.

Descobri dotes de marcenaria que me permitiram re-colocar uma gaveta no armário… Ela havia se jogado no quarto dia de quarentena… Fiz sozinha. Não consegui na primeira vez, nem na força do ódio, mas eu fiz e hoje ela está lá no lugar dela.

Li na sacada, fiz esfoliação na sacada, dormi de tarde na sacada, fiz lanche da tarde na sacada, sentei para chorar às 2h da manhã na sacada, este ano, eu definitivamente, usei a sacada. Até lavei ela hoje para cuidar do lugar que eu mais aproveitei na casa.

Comecei a fazer bolos, algo que eu considerava uma arte obscura… Fiz receitas que não deram certo, mas comi até o final.

Teve homepascoa, homediadasmães, homeaniversários, homediadospais tudo por vídeo.

Passei meu aniversário sozinha. Ok, não foi sozinha, teve um tender e uma garrafa de Jurupinga para me fazer companhia.

Mudei de mercado para visitar meu irmão enquanto ele fazia as compras da casa dos meus pais…

Passei 2 meses desalocada, e como medo de perder não só a promoção como também,o emprego. Comecei em um novo projeto com o irmão mais velho de um rapaz que estudou comigo na escola. Ainda bem que eu não era uma criança adepta ao bullying…

Após cinco anos, terminei Grey’s Anatomy. E Friends. E Scandal (à lá Olivia Pope com vinho e pipoca no último episódio). Terminei outras que não entraram nas menções honrrosas.

Voltei a jogar Candy Crush e descobri que minha casa tem um por do sol incrível.

Este ano fiz bem menos biscoitos de Natal, e deveria ter feito um saquinho para mim, afinal eu sou o pessoal do trabalho este Natal, os outros estão longe. Ainda tem, acho que vou lá fazer.

“Sabe de uma coisa? Eu serei feliz este ano. Eu ainda estou vivo” (livre tradução)

Feliz 2021!

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Fe Almeida

Escrevo porque às vezes nem tudo cabe dentro de mim e precisa transbordar.