“I can buy myself flowers”

Será que isso é bom?

Fe Almeida
3 min readMar 10, 2024

A retrospectiva 2023 atrasou, como a do ano passado.

A música título deste ano, foi usada por uma amiga solteira para empoderar outra amiga que estava anunciando o divórcio. É uma música de poder. Porém para mim ela sempre teve um gosto amargo. Eu posso comprar as minhas próprias flores, posso segurar minhas próprias mãos e conversar comigo por horas, mas será que eu quero?

Lembro de ouvir pela primeira vez em um uber e pensar: “que triste”. Não senti poder, senti solidão em ter sido obrigada a descobrir que posso tudo isso.

Lembrei também de uma conversa que tive com uma amiga em 2022, ainda fresca na memória. Ouvi a música no começo de 2023

O trabalho começou a competir e levou a melhor sobre a dança do ventre. Porém a vida fitness voltou. Ganhei um calendário da minha cunhada e resolvi usar como um lembrete visual. Funcionou melhor do que eu esperava e meses depois nem precisava mais dele. E foi a dança, ou o dinheiro gasto com a maquiagem nas apresentações, que me fez ganhar um sorteio com vários produtos Quem Disse Berenice. Não foi um ano de muita sorte no amor, mas pelo menos no jogo teve alguma.

Tá bem…Eu pensei que seria um ano em que a sorte ia virar. Após muito empenho, meu e do grupo. Durou 3 dias. Foi mais tempo de investimento prévio do que de colheita. Um fora que foi maior do que o relacionamento. Uma dor que durou meses. Uma ferida que sangrava de novo de tempos em tempos e me fez apelar para um elevador como em Grey’s Anatomy e a fingir amnésia alcóolica para o resto da minha vida. Uma noite que acabou em lágrimas e todo meu sentimento de insuficiência esfregado na minha cara. A amiga de Flowers, também teve palavras para mim: “Eu queria que vc se visse como eu te vejo. Vc é linda, inteligente, boa companhia, engraçada ”. Eu não nego que eu seja tudo isso, só digo que nada disso era suficiente. O que seria então?

Teve uma despedida que durou 3 dias e foi o começo do fim da animação do grupo de passear. O projeto começou a perder a cor.

Falando em despedida. Após um mês de deliberações e muita insegurança, voltei para a área técnica para aprender algo novo e garantir minha empregabilidade.

Teve muita praia, depois de anos sem viajar de verdade. Viajens de carro, de ônibus, de avião e até de navio. Férias de última hora, foi bom, mas teve um gostinho de solidão. Ano-novo de última hora, que achei que teria sabor de auto-piedade, amei cada minuto e ainda trouxe um souvenir de quase 1,90 para casa

Comecei a ler e a amar Crepúsculo. Sim, me julge. Li todos os livros, a visão do Edward, o spin-off e assisti todos os filmes.

Minha melhor amiga descobriu um câncer e isso me colocou em contato com um profundo sentimento de injustiça e com a minha própria mortalidade.

Meus olhos brilharam por um homem de cabelos grisalhos, que além de preencher todos os requisitos da minha lista maluca, me mostraram um que eu não sabia que eu tinha: eu senti o direito de envelhecer. O envelhecimento foi uma grande pauta e dor do ano. A verdade é que não estou aceitando a passagem dos anos. E o grisalho era comprometido.

Fora isso beijei bocas equivocadas, me despedi de pessoas, cantei em karaokês e com banda ao vivo, tive o Luciano Szafir no meu aniversário, fiz passeios de turista em São Paulo e dancei catarticamente em um bloco de carnaval ao som de “Me dê motivo”.

Não foi um ano fácil. Não foi um ano leve. Porém eu não gostaria de deletar ele da minha vida. Foi um ano necessário. Sem baboseira de coach. Foi um ano que eu realmente cresci.

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Fe Almeida

Escrevo porque às vezes nem tudo cabe dentro de mim e precisa transbordar.