Quando foi mesmo que o ano acabou?

Fe Almeida
3 min readMar 12, 2023

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2022 foi ano que escrevi pouco e que não fiz a retrospectiva que gostei tanto nos anos anteriores.

Por onde começar?

Que tal pelo começo?

Não revirem os olhos, é começo mesmo, cronológico. Janeiro eu resolvi que não bastava assistir “O Clone”. Eu precisava de mais! Comecei a fazer dança do ventre.

Foi neste ano que vivi novamente a experiência de perder alguém para que o céu ficasse mais cheio. Foi diferente. Foi algo que doeu mais por outras pessoas tristes do que por mim. E este sentimento não foi reconfortante.

Falando em momentos não reconfortantes, este ano, o dente que há anos me incomodava resolveu que sua odisséia terminaria e durante o carnaval (calendário, não comemorado) ele se quebrou, comendo um inocente chips de batata doce caseiro. Uma batatinha do Mc, jamais teria me traído de maneira tão vil.

Ele foi arrancado e meses depois um enxerto realizado. Posso contar todas as lembranças que tenho das duas cirurgias e não deixaria ninguém entediado. O boa noite cinderela que o dentista me deu deixou bem poucas lembranças. Obrigada senhor.

O que deixou muitas lembranças, foi a rejeição que tive da membrana no enxerto. A dor na madrugada, onde tomei mais de um remédio, fiz mais de um enxague bucal e no fundo não sei se foi a overdose de soluções ou alguma específica que resolveu. E a cada nova solução que eu dava, o eco da voz do meu antigo senior manager: “não pode dar muitas soluções para um mesmo problema ao mesmo tempo, ou vc nunca vai saber o que foi que resolveu ele”

Deixou também a lembrança da companhia improvável que veio segurando minha mão (ainda que por WhatsApp) de Osasco até quase em casa. Era a companhia que eu queria que fizesse isso. Pelo menos naquele momento.

Terminei um namoro que durou muito mais tempo do que eu gostaria de admitir. Terminei pelos motivos certos, ainda que tenha começado pelos errados. Senti-me absolutamente sozinha ao ver que me joguei no vento e que não me pegaram, como numa reedição do passado.

Das muitas coisas que se pode fazer com uma garrafa de vinho, enterrei uma. Um dia de um jantar mais do que especial, com o pedido de uma música em um guardanapo, outro guardanapo manchado de rímel após uma dança de rosto colado que terminou em lágrimas minhas, vindas da certeza alcoolica de que eu estava de partida, só faltava a coragem para fazer as malas dele. E este mesmo guardanapo agitado alegremente no ar ao som de uma festiva música portuguesa após a bagaceira. Uma noite mágica e ao mesmo tempo triste lá no fundinho.

Comecei a comer frutas, após o resultado de um exame que o médico disse que eu precisava era me alimentar bem, fazer exercícios e equilibrar a minha mente, ou aquilo me perseguiria para sempre.

Voltei ao palco de verdade este ano. Em uma apresentação que eu estava linda e me sentindo maravilhosa, sedutora. Embora não houvesse a quem seduzir naquele dia. E naquela noite, após pisar no palco, meu chão foi retirado.

Teve copa do mundo, em novembro. E quase ganhei o bolão da família. Quem diria? Fiquei em 1º lugar boa parte do tempo, terminei em segundo.

Ainda no momento quem diria: Ano novo no meio do mato. Era tanto mato, mas tanto mato que ninguém que me conhece acreditaria. Por isso tenho tantas fotos. Precisava de provas.

Conheci pessoas que trabalhei por meses e que eram apenas vozes. Fiz amigos novos, descobri na prática o que é um after. E meus olhos começaram a brilhar por uma pessoa, mas aí já vira história para a próxima retrospectiva.

2023 já começou, teve até Carnaval para garantir que começou mesmo.

Bora lá viver este ano.

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Fe Almeida

Escrevo porque às vezes nem tudo cabe dentro de mim e precisa transbordar.