Quando o amor bater em sua porta

Fe Almeida
3 min readJan 11, 2020

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Muitos já foram os textos que escrevi sobre livros que peguei na plateleira de livros novos da biblioteca sem muita avaliação ou expectativa sobre eles…

Este foi diferente.

A diferença dele foi que eu resisti a pegar ele. Eu cheguei a olhar para ele na prateleira por mais de uma visita à biblioteca. Parte de mim queria pegar o livro, parte de mim estava sentindo um pouco de medo dele.

Sabe um medo de ler e aquilo te deixar triste? De não ser um momento adequado para uma leitura romântica

— Malu… As pessoas lutam, erram, se decepcionam. Perdem a memória! — Apontou para o próprio peito — Mas, quando se sentam para ver um filme ou abrem um livro para ler, não querem mais daquele sentimento negativo. Querem sonhar, acreditar que a felicidade é possível, mesmo que através de uma história inventada por outra pessoa. Elas passam a acreditar naquilo e, por um instante, tomam o sentimento emprestado, como se fosse delas. É por isso que elas gostam tanto dos finais felizes.

Este parágrafo foi integralmente copiado do livro. E foi dele que nasceu este texto. Eu não queria ler o livro porque eu não queria ler aquele final feliz, que eu sabia que existiria no livro e que eu, igualmente sabia que não acontece na vida real.

Apesar da sinopse já me mostrar semelhanças foi incrível encontrar tantas coisas parecidas entre eu e a personagem principal. Não é a primeira vez que isso acontece. E devo dizer que o livro ter várias cenas em um lugar que frequentei tanto o ano passado, o aeroporto de Curitiba, deu um cheirinho à mais de nostalgia.

Sei que tem cara de spoiler, mas não é tão relevante e acontece antes da metade do livro.

A personagem principal, uma autora de romances, se pega não querendo escrever um final clichê de felizes para sempre, pois eles não acontecem na vida real, ela não queria encher mais ainda as leitoras dela com expectativas que não iam se concretizar.

Ela não queria escrever, justamente o que eu estava evitando ao não levar o livro para casa tantas vezes.

Luiz Otávio, o personagem que disse a frase ali em cima, mostrou o porque de as pessoas quererem os finais felizes e eu me lembrei de quantas vezes eu me escondi de um problema familiar ou de um dia cansativo no trabalho, nas histórias e problemas de outra pessoa, que nem existia.

Lembrei de o quanto mergulhar no romance sobre a Helena de Troia, tantos anos atrás, era salvador e o quanto o último livro do Harry Potter preservou a minha sanidade, embora eu reconheça que pouco me lembro da história. Como se meus olhos passassem pelas palavras, mas elas não ficassem gravada na memória devido ao momento turbulento da vida que elas compartilharam.

Aumentou a vontade de que aparecesse um Luiz Otávio na minha vida? Sim.

Deu um vaziozinho em alguns momentos? Sim.

Fiquei arrependida de ter pego o livro e inconsolável? Não.

E inclusive recomendo a leitura. Leve e muito bem escrito.

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Fe Almeida

Escrevo porque às vezes nem tudo cabe dentro de mim e precisa transbordar.