Para o adolescente que estava triste no McDonalds hoje

Você nunca vai ler este texto que estou escrevendo especialmente para você, mas se outro menino da sua idade estiver precisando e ler, vai ser como se eu tivesse te dito as coisas que passavam na minha mente hoje durante meu lanche.

Eu presto atenção em conversas alheias, inclusive de desconhecidos e opino mentalmente. Não me julgue que eu sei que você também faz isso… Todo mundo faz. Ok, pode ser que eu esteja passando o pano para mim…

Voltando ao menino.

Considerando a necessidade de distanciamento social, eu só pude ouvir um lado da conversa. O da menina. Pelos argumentos dela, eu podia imaginar quais eram as respostas do rapazinho. Ele falava muito baixo e estava de máscara.

Pareciam amigos. Do tipo BFF, mas ele não era o amigo gay.

A conversa ganhou minha atenção assim:

“ — Você não é feio

(resmungos)

— Não é feio, não. Eu estou falando”

O menino era uma beldade em busca de elogios? Não era. Era feio de doer (como ao longo da conversa deu bem a impressão de que era como ele se via)? Também não. Era um menino normal. Daqueles que não se olha duas vezes quando passa. Ele não chamava atenção, nem para um lado, nem para o outro.

Antes que eu receba comentários de que estou sendo condescendente por ele estar, visivelmente, com problemas de auto estima, eu sou uma pessoa que resolve problemas. Se eu achasse que ele era feio eu já começaria a pensar em alternativas: um corte de cabelo, academia, um banho de loja.

Não era o caso.

Seguindo a argumentação da amiga dele, ele era incrível e todo mundo gostava dele.

Pelo carinho que ela demonstrava à ele, hoje deveria ser apenas um dia ruim, ele não devia ser o Hardy. Ou talvez, seja apenas eu, medindo ela com a minha régua.

Em algum ponto da conversa, algo me sugeriu que ele estava preocupado com meninas não se interessarem por ele. Foi neste ponto que eu quase me levantei da mesa para ser a louca que se mete na conversa.

Exitem dois momentos em que a aparência é tudo neste quesito: na adolescência e nos aplicativos.

Considerando que ele é bem jovem, os pais dele não devem deixar ele usar aplicativos, mas ele é adolescente. O outro momento em que isso importa.

E por que importa?

Importa porque é um momento em que a aparência é parte da construção da identidade. Em que muitas vezes o parecer é mais importante do que o ser e que você cria um personagem para si mesmo.

Eu queria dizer para ele, que ele só precisava sobreviver à adolescência. Que quando ele chegasse à vida adulta, ser educado, inteligente, engraçado, ia ser muito mais importante do que ser bonito. E que ser “normal”, é como a maior parte dos homens é…

Nem todo homem nasce o Rodrigo Hilbert

Ela começou a dar exemplos de homens horríveis que tinham esposas… Até o professor de gramática!

Realmente, se o professor de gramática conseguiu alguém ele também conseguiria…

Este ponto de “se até ela conseguiu alguém, eu também consigo” é algo que já me peguei pensando várias vezes. A tendência de se comparar é frequente e normal, na minha opinião de profissional de TI, não de pessoa que realmente estudou para isso. E serve de consolo, embora na prática ele possa olhar para a esposa do professor de gramática e dizer: “mas eu que não queria uma mulher como ela”.

Esta tudo bem não estar tudo bem… Desde que não seja assim todos os dias. Aparência, é algo que sempre dá para dar uma melhorada e que mesmo homens super lindos comentam que não se sentem assim

Acabei de encontrar esta matéria: Feios que são bonitos: 6 galãs que não se enquadram em padrões de beleza (e são lindos) e que possui ninguém menos do que Rodrigo Lombardi (esse cara sou eu…)

E esta outra: 15 celebridades que já foram patinhos feios mostrando a passagem do tempo. Muito mais impactante nas mulheres, mas o Chris Pratt é o melhor exemplo de um adolescente normal e que virou um homão… Quem vai negar?

E o mais importante para mim e para a menina que estava na mesa com ele: tem gosto para tudo nesta vida.