O amor chegou tarde em minha vida

Fe Almeida
3 min readMar 26, 2018

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Este foi mais um dos livros que a sorte, ou a seleção especial da biblioteca escolheu para mim. Era uma bancada montada com o tema do mês das mulheres. Livros escritos por mulheres e sobre mulheres.

O título me chamou atenção.

A leitura foi como se fosse uma conversa entre amigas e ela estivesse sentada em um café comigo, me contando todas as experiências dela.

Experiências dela e de outras mulheres importantes, (por exemplo a Luisa Trajano, do Magazine Luiza) em que me reconheci em muitos momentos e que eu achava que era a única a ter aquele sentimento.

Um livro que mais do que o amor pelo marido, que ela conheceu já em uma idade que muitas pessoas acreditam que o amor não chegará mais, conta que o amor próprio chegou tarde na vida dela.

A escolha do vestido de noiva, feito por um amigo dela, totalmente do jeito que ele imaginou e que antes de provar o vestido ela acho que não tinha nada a ver com ela. E como ela se encantou com ele.

Lembrei de quando eu escolhi o meu. Eu tinha uma enormidade de modelos que eu havia gostado na internet, passei por várias lojas e não encontrava nada como aquilo. Passei em uma vitrine, gostei de um (completamente diferente de tudo o que eu tinha no meu arquivo) a loja estava muito cheia e não consegui ser atendida. Voltei no final de semana seguinte, ele ainda estava na vitrine. Quando vesti, sabia que não precisaria experimentar mais nada. Meses depois, na primeira prova, tive medo de não gostar mais dele, mas ele continuava sendo maravilhoso, e ao lembrar dele agora, vejo o quanto ele era perfeito para mim. Mesmo que hoje o casamento não exista mais.

Emocionante uma passagem sobre uma matéria de vitrais que ela fez e no final ganhou um coração de vitral recém cortado. O material era frágil, mas ninguém seria capaz de partí-lo. Achei simbólico, achei lindo.

O Natal sozinha em Londres, me trouxe uma sensação de lembrança: o meu primeiro Natal sozinha. O dia em que peguei a caixa dos meus enfeites lá de cima do guarda-roupa. Tirei tudo de dentro e ao som do clássico CD da Simone me perguntei se já que “Então é Natal… E o que você fez… O ano termina e nasce outra vez”. Cantei o CD todinho decorando a casa. Não lembro se alegre ou não, canto em qualquer estado de espírito.

O desejo de ser Luciana, desejo da Ana Paula Padrão e que vou dizer que também senti.

Lágrimas me vieram aos olhos com a história do menino no campo de refugiados jogando futebol com as mãos nos bolsos, a calça cairia se ele tirasse a mão…

A linda forma como ela contou que havia encontrado alguém para viver todos os clichês possíveis.

Eu, que só conhecia a Ana Paula Padrão, do boa noite do Jornal da Globo, me senti de frente para uma mulher real, de carne e osso. Com medos, anseios, desejos, inseguranças e que colocou isso de uma forma que mostra o quanto todas nós mulheres passamos pelas mesmas coisas.

Mais do que um livro sobre a vida dela, é um livro sobre o empoderamento da mulher sem desembarrar em feminismo. Empoderamento da mulher que quer ser mulher, não um tipo diferente de homem.

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Fe Almeida

Escrevo porque às vezes nem tudo cabe dentro de mim e precisa transbordar.